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PRODUTOS ORGÂNICOS UM MERCADO EM CRESCIMENTO


PRODUTOS ORGÂNICOS

UM MERCADO EM CRESCIMENTO

O mercado de produtos orgânicos vem ganhando espaço em diversos segmentos nos últimos anos. Mas este é um assunto que ainda gera polêmica e controvérsias!

Contaminantes químicos e a saúde humana

Não há informações suficientes e seguras sobre o poder cumulativo, o efeito combinado, a mutabilidade e as possibilidades de interação no organismo humano de muitos contaminantes utilizados no sistema agroalimentar. Portanto, não é possível estabelecer inter-relações precisas e imediatas entre as consequências do consumo dessas substâncias em longo prazo e as diferentes enfermidades. Além disso, essas substâncias são, muitas vezes, ofertadas em doses acima das recomendadas e sem controle adequado por parte dos sistemas de vigilância.

A maioria dos países adota sistemas de avaliação para estimar, cientificamente, o risco potencial para a saúde humana da presença de substâncias químicas em alimentos. As abordagens de gestão de risco variam dependendo da origem do produto químico: adicionado intencionalmente ao alimento ou resultado da contaminação acidental. Para a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a avaliação da exposição deveria ser ampliada de forma a considerar as diferenças nos hábitos alimentares entre os países. Essas organizações recomendam ainda que os países realizem análises baseadas no estudo da dieta total (EDT) para avaliar a exposição da população em geral e de grupos vulneráveis, como as crianças, a contaminantes químicos. O método EDT estima a ingestão dietética de elementos químicos e de nutrientes através de análises diretas em amostras de alimentos preparados que reflitam os hábitos dietéticos médios de grupos populacionais.

Diferentes estudos apresentam os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde humana, tais como imunodepressão, mal de Parkinson, depressão e outras desordens neurológicas, aborto e problemas congênitos, alguns tipos de câncer, infertilidade, má formação congênita, sintomas respiratórios e esterilidade em adultos. As pesquisas também compilam estudos que sinalizam manifestações clínicas (rinite, urticária, angioedema, asma e alergias) provocadas pelos aditivos químicos sintéticos. Estudos mostram uma associação positiva entre nitrato e linfomas não Hodgkin, câncer de bexiga, ovário, útero e colo retal e um tipo de anemia em bebês, a metaemoglobinemia.Entretanto, esses estudos relatam efeitos benéficos dos nitratos em gastrenterites e doenças cardiovasculares. Tais controvérsias sugerem a necessidade de mais estudos que esclareçam a real dimensão de cada substância sobre a saúde humana.

As repercussões acima mencionadas são quantitativamente modestas diante do número de substâncias usadas no sistema agroalimentar convencional.

Os efeitos de outros contaminantes precisam ser mais bem delineados; também são necessários mais estudos que avaliem os efeitos das tecnologias sobre a saúde humana, entre eles a irradiação de alimentos, a transgenia e a nanotecnologia.

Destaca-se a complexidade de se analisar contaminantes químicos nos alimentos e a dificuldade de relacionar tais substâncias à etiologia de enfermidades. Por isso, as legislações de alimentos orgânicos consideram que, diante de um possível perigo à saúde, a substância ou a tecnologia deve ser evitada, respeitando-se o princípio da precaução, que tem sido tomado como referência em muitas discussões que envolvem riscos.

Os alimentos orgânicos

Quando se fala em alimentação orgânica, a ideia que vem à mente é de frutas e verduras saudáveis, com aparência e sabor naturais. Mas se todo alimento é orgânico, por que esta denominação é usada somente para aqueles produzidos sem a adição de agrotóxicos? O nome surgiu da necessidade de diferenciar os produtos convencionais dos produzidos sem a adição de adubos químicos e conservantes.

No início, o cultivo orgânico se reservava apenas para a produção de hortaliças, mas atualmente abrange a produção de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais.

A agricultura orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos.

Esse modo de produção assegura o fornecimento de alimentos orgânicos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade; não utilizando agrotóxicos preserva a qualidade da água usada na irrigação e não polui o solo nem o lençol freático com substâncias químicas tóxicas; por utilizar sistema de manejo mínimo do solo assegura a estrutura e fertilidade dos solos evitando erosões e degradação, contribuindo para promover e restaurar a rica biodiversidade local; por esse conjunto de fatores a agricultura orgânica viabiliza a sustentabilidade da agricultura familiar e amplia a capacidade dos ecossistemas locais em prestar serviços ambientais a toda a comunidade do entorno, contribuindo para reduzir o aquecimento global.

As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica, ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, implicam em uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico; adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela fermentação elimina microorganismos como fungos e bactérias, eventualmente existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região; minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade; manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries; e uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e hábitos culturais de sua população.

O alimento orgânico não é somente sem agrotóxicos. Além de ser isento de insumos artificiais, como os adubos químicos e os agrotóxicos, também deve ser isento de drogas veterinárias, hormônios e antibióticos e de organismos geneticamente modificados. Durante o processamento dos alimentos é proibido o uso das radiações ionizantes (que produzem substâncias cancerígenas, como o benzeno e o formaldeído) e aditivos químicos sintéticos, como corantes, aromatizantes, emulsificantes, entre outros.

O termo alimento orgânico tem origem na Agricultura Orgânica que, na Legislação Brasileira de 2007, tem como objetivos a auto sustentação da propriedade agrícola no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais para o agricultor, a minimização da dependência de energias não renováveis na produção, a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente, o respeito à integridade cultural dos agricultores e a preservação da saúde ambiental e humana.

O alimento orgânico não é menor ou de aspecto inferior ao convencional. Normalmente, esse tipo de alimento provém de uma fazenda orgânica em sua fase inicial de produção ou a um sistema produtivo que não aplica adequadamente as práticas da agricultura orgânica.

Um alimento orgânico de qualidade é competitivo, saboroso e mais saudável que o convencional.

Os alimentos orgânicos têm melhor valor nutricional porque são produzidos em solo mais equilibrado em nutrientes. Assim, são mais ricos em minerais e fitoquímicos. Além disso, apresentam menor toxicidade, pois possuem menos resíduos de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, de hormônios e drogas veterinários usadas na produção animal ou aditivos químicos, vitaminas e minerais sintéticos e substâncias radioativas resultantes do processamento dos alimentos. Os métodos de higienização e processamento utilizados para os alimentos orgânicos buscam manter sua qualidade nutricional, seu sabor, odor e textura originais, além do aspecto natural do alimento.

Além disso, os alimentos orgânicos são mais duráveis, uma vez que a adubação sintética nitrogenada, proibida na agricultura orgânica, leva a um aumento no teor de água dos vegetais, tornando tais alimentos mais perecíveis.

Vantagens e desvantagens

Há apenas poucos anos, os alimentos orgânicos só podiam ser encontrados em lojas de produtos naturais ou em mercados e feiras de pequenos agricultores. Hoje, já é possível encontrá-los em grandes redes de supermercados, sendo comercializados junto a outros produtos convencionais. Além de alimentos de amplo consumo, como arroz, feijão, frutas, hortaliças, a agricultura orgânica está produzindo um pouco de tudo: desde erva-mate, castanha de caju, guaraná, até chocolate, vinhos e carnes, frangos e ovos que não contém nenhum tipo de hormônio.

Além de serem isentos de agrotóxicos, os alimentos orgânicos tendem a ser mais saborosos que os tradicionais. O brócolis, o morango e o tomate, por exemplo, teriam um sabor muito mais pronunciado do que aqueles cultivados normalmente. Há quem diga que a carne de galinha, porco e boi que se alimentam ao ar livre (criados sem confinamento) e não recebem hormônios de crescimento também têm sabor diferente, em comparação com os criados industrialmente. Em geral, seriam carnes mais magras e mais saborosas.

Outro ponto que tem sido objeto de muita pesquisa, e que seria mais uma vantagem dos orgânicos, seria o fato desses alimentos apresentarem vantagens nutricionais. Embora ainda exista muita discussão a respeito desse assunto e não haja consenso científico sobre o tema, existem vários estudos sendo realizados na tentativa de provar que os produtos livres de agrotóxicos são também mais nutritivos do que os convencionais.

Na literatura científica, algumas pesquisas avaliaram os benefícios do consumo de alimentos orgânicos para a saúde humana. Tais estudos alegam que uma dieta orgânica pode diminuir a exposição de crianças aos pesticidas e apresentar efeito positivo no quesito fertilidade, uma vez que muitos pesticidas são disruptores endócrinos (uma dieta isenta dessa classe de agrotóxicos pode ter um efeito sobre a fertilidade masculina). No entanto, é difícil estabelecer relações, pois os estudos populacionais que compararam a saúde das pessoas que consomem habitualmente alimentos orgânicos com a saúde daquelas que consomem alimentos convencionais apresentaram grande número de variáveis não controladas.

Quanto às comparações sobre valor nutricional, muitos fatores e variáveis devem ser considerados nas pesquisas, tais como o tempo de produção orgânica, o restabelecimento da vida do solo, o tipo de sistema orgânico utilizado, a variabilidade dos fatores externos (luz solar, temperatura, chuva), o armazenamento e o transporte, que influenciam diretamente o conteúdo de nutrientes nas plantas. O desempenho de sistemas produtivos orgânicos e convencionais deve ser estudado na propriedade de origem, onde o grau de controle dos fatores externos supramencionados é menor do que nos laboratórios.

Assim, é possível perceber a dificuldade de planejar estudos efetivos, cujos resultados possam ser sistematizados e comparados aos de diferentes pesquisas. Os resultados dos estudos que compararam os alimentos orgânicos e os convencionais foram sintetizados em duas grandes revisões realizadas em 2009. Um delas se posiciona claramente contra a superioridade dos orgânicos em termos nutricionais; a outra é mais favorável, mas ainda assim sinaliza controvérsias no campo de estudo. Pesquisadores da Food Standards Agency (FSA), do Reino Unido, afirmam não haver evidências de benefícios para a saúde no consumo dos alimentos orgânicos comparados aos convencionais em relação ao valor nutricional.

Por isso, atestam que tais alimentos não são de relevância para a saúde pública. Por outro lado, a Agence Française de Sécurité Sanitaire des Aliments (AFSSA) realizou uma avaliação de estudos sobre qualidade nutricional dos alimentos orgânicos comparados aos convencionais e encontrou resultados opostos: maior teor de matéria seca em tubérculos, raízes e folhas; maior teor de ferro e magnésio em vegetais como batata, couve, cenoura, beterraba, alho-poró, alface, cebola, aipo e tomate; mais vitamina C na batata, alho-poró, couve e aipo; maiores quantidades de betacaroteno no tomate, cenoura e leite orgânicos; maiores quantidades de fitoquímicos na maçã, pêssego, pêra, laranja, cebola, tomate, batata, pimentão, óleo de oliva (compostos fenólicos), vinho (resveratrol) e tomate (ácido salicílico).

O estudo francês destaca ainda o maior teor de ácidos graxos poli-insaturados no leite, ovos e carnes orgânicas, uma vez que a dieta à base de pasto e a criação livre preconizada no manejo animal orgânico têm como resultado carne e leite com menores teores de gordura saturada. Ambas as revisões confirmam o teor aumentado de nitratos em alimentos de origem convencional. Quanto aos aspectos sensoriais, embora faltem evidências conclusivas, há indicações de que os alimentos orgânicos sejam mais saborosos. Contudo, a análise dos aspectos sensoriais de qualidade é complexa, uma vez que é subjetiva a característica de um alimento que determina a aceitabilidade do consumidor.

Outro aspecto importante relaciona-se à durabilidade, uma vez que a adubação à base de nitrogênio utilizada na agricultura convencional promove um aumento no teor de água dos vegetais, tornando tais alimentos mais perecíveis. A utilização de dejetos de animais pelo sistema orgânico na horticultura levanta suspeitas sobre sua qualidade microbiológica e parasitária. Entretanto, seguindo-se boas práticas agrícolas que minimizem os riscos de contaminação biológica, não há evidências de que os orgânicos sejam mais suscetíveis à contaminação microbiológica quando comparados aos sistemas convencionais.

Com relação às micotoxinas (toxinas produzidas por fungos), a FAO ressalta não haver comprovação de que os alimentos orgânicos sejam mais contaminados. A revisão da AFSSA destaca que é semelhante o teor de micotoxinas nos cereais orgânicos e nos convencionais. Quanto ao preço dos alimentos orgânicos, Azevedo destaca as variantes envolvidas no processo produtivo dos alimentos. De forma simplificada, alega-se que o valor agregado, que pode variar de 20% até 100% mais para os produtos orgânicos em relação aos de origem convencional, tem como uma das causas a lei da oferta e da procura. Frente à baixa demanda, quando comparado ao alimento convencional, o produto orgânico ainda não é competitivo no grande mercado.

Entretanto, outros aspectos relativos à comercialização precisam ser analisados no sentido de impulsionar a comercialização dos orgânicos, já que o preço dificulta a acessibilidade. É preciso, entre outros, entender o confronto entre o grande circuito de comercialização (o de supermercados) e os circuitos curtos (de feiras e venda direta). O grande circuito impõe ao agricultor barreiras como a padronização e a incorporação de serviços aos produtos (uso de embalagens plásticas ou isopor), contratos regulares de entrega (nem sempre possíveis em função da sazonalidade dos alimentos in natura) e a não remuneração do produto não comercializado, entre outras. Além disso, faz uso de margens altas para o aumento da lucratividade, o que dificulta a venda e elitiza o consumo de alimentos orgânicos.

Por outro lado, o supermercado permite que uma fatia de consumidores urbanos descubra o produto orgânico, tornando-o mais conhecido e acessível. A venda direta e as feiras são propostas eficazes para o fortalecimento de associações de agricultores orgânicos. Porém, há dificuldades, como a distância dos centros consumidores, as condições das estradas e a exigência tanto de habilidade para o comércio quanto de tempo disponível do agricultor para a venda. Esse circuito é voltado para um consumidor já sensibilizado para o consumo e a compra de alimentos orgânicos de produção local, havendo alguma dificuldade de ampliar o número de envolvidos. Por outro lado, as vendas diretas promovem um estreitamento com os consumidores, fidelizando-os cada vez mais à proposta da agricultura orgânica e sustentável.

Além disso, a ausência de intermediação permite uma maior apropriação, pelos agricultores, dos resultados de seu trabalho, em termos de renda. A produção orgânica exige maior envolvimento de mão de obra. Ao adquirir esse tipo de alimento, o consumidor passa a contribuir para o fortalecimento e a viabilidade da agricultura familiar. Essa é uma contribuição social do consumidor socioambientalmente consciente: ao buscar produtos orgânicos, ele assume um papel decisivo nesse contexto de transição. O alimento é uma mercadoria que o consumidor exige que tenha preço baixo e alta qualidade, e o preço baixo de um alimento ou refeição raramente leva em conta o custo ambiental, os gastos energéticos para sua produção, os impactos na saúde humana, no bem-estar animal e na qualidade de vida dos que produzem tais alimentos. Ao adquirir o alimento orgânico, o consumidor contribui para a promoção da sua saúde, para a qualidade de vida das futuras gerações e para a preservação dos ecossistemas naturais.

As duas principais "desvantagens" dos alimentos orgânicos dizem respeito à aparência e ao custo. Por serem cultivados naturalmente, geralmente esses alimentos tendem a ser menores e ao mesmo tempo, alguns também podem apresentar manchas na casca devido aos ataques de insetos. A cor também pode não ser uniforme e tão intensa quanto a alcançada através da utilização de corantes ou ceras (o que é feito em alimentos convencionais).

Por isso, sempre que você observar frutas e hortaliças perfeitos, brilhantes, sem um mínimo defeito, pode ter certeza que nesse alimento houve aplicação de agrotóxico. Já os preços, geralmente um pouco mais altos do que os convencionais, é tido como um empecilho para que boa parte da população tenha acesso a essa alternativa saudável. De acordo com os entendidos, os preços só devem diminuir quando a produção e o consumo aumentarem, mas já existem pesquisas mostrando que sete em cada dez pessoas pagariam até 30% a mais por produtos sem aditivos químicos, desde que não houvesse dúvidas sobre sua procedência (pesquisa do Instituto Gallup).

O mercado de alimentos orgânicos

A agricultura e o consumo de produtos orgânicos estão em um processo de expansão nos últimos anos. As vendas de alimentos orgânicos nos Estados Unidos aumentaram de aproximadamente US $ 11 bilhões, em 2004, para cerca de US $ 27 bilhões, em 2012, de acordo com o Nutrition Business Journal. Em 2010, os Estados Unidos superaram a União Europeia como o maior mercado de produtos orgânicos do mundo.

De acordo com o Organic Monitor (2010), fusões e aquisições levam à consolidação deste mercado com grandes empresas emergentes em todos os níveis da cadeia de abastecimento.

Esta é uma percepção que ocorre em nível mundial em um mercado que já apresenta índices de crescimento acima de 20% no mundo todo, fazendo com que as atenções se voltem para a demanda deste tipo de produto, bem como para os meios de garantir a distribuição, qualidade e certificação adequada.

De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, atualmente existem cerca de dois milhões de agricultores orgânicos, por volta de 80% em países em desenvolvimento, além do comércio de produtos orgânicos vender 60 bilhões de dólares anualmente.

No Brasil, o mercado de produtos orgânicos cresce de 30% a 40% ao ano, movimentando mais de R$ 2 bilhões em 2014, segundo dados do projeto Organics Brasil, desenvolvido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

A qualidade dos produtos orgânicos não está relacionada apenas à preocupação com saúde humana, mas à valorização do agricultor, associação deste com a natureza, fundamentada por meio da preservação dos recursos naturais e de formas naturais de apropriação deste recurso.

O crescimento da produção orgânica e do mercado consumidor ocorre em todo o mundo. Os maiores mercados estão situados na Europa e nos Estados Unidos, que representam mais de 90% das receitas nesse setor.

No Brasil, nos últimos cinco anos, a produção de alimentos orgânicos passou de 40.000 para 300.000 toneladas, e o faturamento desses produtos passou de US$ 50 milhões para US$ 300 milhões, representando 0,5% do faturamento da indústria de alimentos no país.

O Brasil ocupa, atualmente, a segunda posição na América Latina em termos de área manejada organicamente, perdendo apenas para a Argentina. Os Estados onde concentram 70% da produção brasileira são Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. A produção visa o abastecimento do mercado interno, principalmente com legumes e verduras, utilizando diferentes canais de comercialização (feiras, hospitais, cestas a domicílio, lojas de produtos naturais, supermercados).

No mínimo, 30 tipos de produtos orgânicos vêm sendo produzidos no Brasil, sendo que os principais produtos brasileiros exportados são café (Minas Gerais); cacau (Bahia); soja, açúcar mascavo, erva-mate, café, hortaliças, banana (Paraná); suco de laranja, açúcar mascavo e cristal, frutas secas e hortaliças (São Paulo); castanha de caju, óleo dendê e frutas tropicais (Nordeste); óleo de palma e palmito (Pará); guaraná (Amazônia); arroz, soja e frutas cítricas (Rio Grande do Sul) e hortaliças, banana, maçã, kiwi, arroz (Santa Catarina). Entre os produtos orgânicos processados, destacam-se o mel (Minas Gerais, Amazônia); compotas de frutas, café solúvel, torrado e moído (Minas Gerais, São Paulo); castanha de caju e acerola (Ceará); hortaliças processadas (Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); arroz (Rio Grande do Sul, Santa Catarina); suco de laranja concentrado e extratos vegetais secos (São Paulo); barra de cereais e açúcar mascavo (Paraná) e guaraná em pó (Amazônia). Os produtos de origem animal ainda estão sendo pouco explorados por problemas de falta de matéria-prima orgânica e legislação inadequada.

O mercado de produtos orgânicos além de ser um mercado de crescimento recente também trabalha com preços superiores aos dos alimentos convencionais. O preço justo que o alimento orgânico merece, deve ser compreendido da ótica dos benefícios ambientais e sociais que ele gera.

Visto o aumento de produção e de consumo de alimentos orgânicos, a importância da compreensão da organização do mercado destes produtos está além dos princípios naturais, principalmente se os produtores optam pela possibilidade de sucesso no ambiente econômico sob os princípios sustentabilidade.

Com base em uma pesquisa quantitativa de marketing, verificou-se que o mercado dos orgânicos é atraente tanto para os produtores, como para os varejistas, o que leva a entrada de novos concorrentes. Esta situação prevê que este é um mercado de lucros, passageiros, pois com a maior oferta, provavelmente estas margens diminuirão e estes produtos deverão se tornar mais acessíveis. Mas, os orgânicos ainda têm uma baixa demanda quando comparados com os alimentos convencionais fazendo deles não competitivos o suficiente no mercado.

Qualidade certificada

A certificação dos alimentos orgânicos é uma forma de assegurar ao consumidor que o produto foi produzido dentro de um processo orgânico, sem a utilização de agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem, etc.

A certificação é um processo de inspeção das propriedades agrícolas, realizado com uma periodicidade que varia de dois a seis meses, para verificar se o alimento orgânico está sendo cultivado e processado de acordo com as normas de produção orgânicas. O foco da inspeção não é o produto, mas a terra e o processo de produção. Assim, uma vez credenciada, a propriedade pode gerar vários produtos certificados, que irão receber um selo de qualidade.

O crescimento da demanda, criando preços diferenciados para os produtos, e o aumento do mercado, criando a impessoalidade nas relações entre produtor e consumidor, exigiram novos mecanismos de garantia de qualidade. Esta é assegurada pela existência de um Selo Oficial de Garantia fornecido pelas associações de agricultura orgânica e de um sistema de certificação de agricultores e firmas, acompanhado de assessoramento técnico e controle fiscalizador, envolvendo todos os atores - produtor, industrial e comerciante.

Embora a certificação para os produtos orgânicos do Brasil tenha surgido tardiamente, esse processo tende cada vez mais a ser estendido para todo o setor agrícola, tendo em vista as crescentes medidas por parte dos países importadores. A primeira obra dedicada exclusivamente à produção de orgânicos foi elaborada em 1999, com o enrijecimento das legislações sobre sanidade, como a Lei do Bioterrorismo norte-americana.

No Brasil, a Instrução Normativa nº 007/99 apresenta normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de origem animal ou vegetal.

O processo de certificação pode variar de 1 a 4 anos, dependendo do sistema de produção e do mercado consumidor. Para a exportação os produtos devem estar coerentes com a legislação do país de destino, pois os aspectos que caracterizam o produto como orgânico não são iguais para todos os países.

As instituições certificadoras definem o processo de certificação de acordo com as características da região em que atuam, podendo ser agregados requerimentos específicos sempre que considerem as exigências legais.

O produto orgânico, ao trazer este nome na embalagem juntamente com o selo de uma

Instituição Certificadora, mostra ao consumidor muito mais que um alimento isento de substâncias nocivas à saúde, mas de quem se adquire aquele produto. Ao ser gerado dentro de um sistema produtivo que preservou o ambiente natural, o produto orgânico contribui para a melhor qualidade de vida não de um consumidor isolado, mas de toda a sociedade.

No Brasil, a rotulagem ambiental pode ser feita por vários órgãos e associações reconhecidos, como as ONGs (Organizações Não Governamentais) e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Através das instituições certificadoras se verifica a qualidade e a origem de cada produto.

* Márcia Fani, jornalista, editora da revista Aditivos & Ingredientes.




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