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Redução na produção da BRF deve encarecer peru no Natal

"Não posso continuar a produzir para vender a ninguém". Assim o vice-presidente de eficiência corporativa da BRF, Jorge Luiz de Lima, ilustrou recentemente a senadores as agruras da empresa no mercado de peru. Sem acesso à União Europeia desde abril, quando foi proibida de exportar em razão da Operação Trapaça, a dona das marcas Sadia e Perdigão reagiu com um movimento drástico, cortando a sua produção de perus em cerca de 50%.

Embora tenha a intenção de atenuar o impacto do desaparecimento repentino da demanda externa - a UE compra quase 40% do que o Brasil exporta -, a medida adotada pela BRF inevitavelmente provocará abalos na oferta de embutidos à base de peru (presunto, peito de peru, blanquet) no mercado doméstico brasileiro, de acordo com três fontes do setor.

Procurada, a BRF assegurou que o corte nos abates de peru não afetará o fornecimento de produtos. "O ajuste não interrompe a produção e o fornecimento do blanquet de peru, bem como o presunto de peru. O peito de peru, produto defumado, também não será encerrado", informou a BRF, em nota ao Valor.

Não há risco de desabastecimento do peru na ceia de Natal. Segundo a BRF, "os perus natalinos e demais subprodutos de perus serão preservados na sua integralidade, sendo produzidos em Chapecó (SC)". Apesar disso, a tendência é que os preços da ave símbolo das festas de fim de ano fiquem mais salgados para os consumidores do país devido à oferta mais "ajustada" à demanda, avaliou um executivo graduado da indústria de carne.

De certa forma, o movimento da BRF no mercado de peru tem até um lado positivo para indústrias e varejistas, ao solucionar o problema das sobras do peru de Natal, argumentou esse executivo. Por causa da renda mais apertada das famílias, o consumo de peru nesse período foi menor que o programado pelos frigoríficos nos últimos anos.

No caso dos embutidos, entretanto, a oferta fatalmente será comprometida. A medida tomada pela BRF tem repercussão na disponibilidade nacional porque há apenas uma outra empresa atuando nesse segmento. Além da BRF, que tem de 70% da produção brasileira de carne de peru, somente a Seara, que pertence à JBS, produz a ave.

No Brasil, apenas quatro frigoríficos abatem perus (ver mapa). Desses quatro, a BRF desativou a linha de abate em dois - Francisco Beltrão (PR) e Mineiros (GO). Além disso, também demitiu cerca de 350 funcionários, restringindo os abates de peru em Chapecó (SC) a apenas um turno. De acordo com estimativas de representantes de sindicatos e avicultores consultados pelo Valor, os abates de perus da BRF devem cair de cerca de 105 mil aves por dia para pouco mais de 50 mil.

No segmento de industrializados, o produto mais afetado pela desativação das linhas da BRF deve ser o presunto de peru, item apreciado sobretudo na região Nordeste. Explica-se: o peru produzido com foco no mercado europeu é abatido com cerca de 20 quilos, enquanto que o peru de Natal tem de quatro a seis quilos. Em geral, a BRF e a Seara exportam apenas o peito de peru à União Europeia. As partes restantes eram usadas na fabricação de outros produtos. A sobrecoxa, por exemplo, é a base da produção do presunto de peru.

Diferentemente de outros animais, como o frango e o suíno, a equação econômica do peru era resolvida facilmente antes da disputa com a União Europeia. "O peito do peru já pagava o resto", afirmou um executivo da indústria. Sendo assim, o presunto de peru e os outros industrializados funcionavam apenas como uma forma de aumentar a rentabilidade. Sem destinação ao peito de peru, por outro lado, a BRF não teria rentabilidade positiva. Por isso, a desativação de linhas de abate.

Além dos impactos na oferta de alguns produtos, a decisão da BRF afeta as economias regionais. De acordo com o presidente da Associação dos Avicultores Integrados do Sudoeste do Paraná (Avisud), Claudinei Colognesi, a desativação da linha de abate de perus em Francisco Beltrão prejudicará 360 famílias de granjeiros. Na cidade, a BRF podia abater diariamente 35 mil perus, disse ele. Na avaliação do presidente da entidade, poucas famílias conseguirão voltar a fornecer à BRF, mesmo que passem a criar frango.

Do lado dos trabalhadores, também há preocupação. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Francisco Beltrão e Região (Stia), Leonete Ventura, até agora cerca de 20 funcionários do frigorífico foram demitidos. "Não sabemos ainda o número exato", afirmou. Em meio à profunda crise financeira, a BRF anunciou na semana retrasada que demitirá 5% dos empregados (4,5 mil trabalhadores) no Brasil. O negócio de peru é uma das faces mais visíveis da crise.




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