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Mercado de cafés em cápsula esfria e desafia empresas

Poucos segmentos do mercado de consumo cresceram tanto nos últimos anos quanto o de café espresso em cápsulas. Impulsionadas por um movimento de “gourmetização” dos hábitos de compra, as cafeteiras conhecidas do “tipo Nespresso” conquistaram um local de destaque nas residências e nas empresas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as mudanças nos hábitos de consumo ajudaram produtos que antes faziam parte da lista de itens básicos a se tornarem artigos cobiçados de consumo. “As cápsulas de café que entraram no Brasil a partir de 2006 cresceram num ritmo alucinante por sua praticidade, pela qualidade e pela variedade”, afirmou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.

“As cápsulas ensinaram o consumidor brasileiro a apreciar o café, usando cores diferentes para as variações de sabores, e a degustar diversos aromas”, acrescenta o executivo, destacando o potencial de crescimento do setor. Atualmente, de 2% a 2,5% do mercado no Brasil está nas mãos das cápsulas, um volume que corresponde entre 500 mil e 600 mil sacas por ano.

Em 2018, no entanto, o mercado de café em cápsulas esfriou. De acordo com um estudo da consultoria Nielsen, especializada em análises de consumo, chamado de Painel de Lares, atualmente, 4,4% dos consumidores brasileiros (mais de 2,3 milhões de pessoas) têm uma cafeteira de café em cápsula em casa, sendo que 44,5% desses lares estão concentrados no estado de São Paulo.

Apenas um pouco mais da metade desses lares compraram cápsulas de café nos últimos 12 meses, o que revela que existem cerca de 1 milhão de domicílios com máquinas sem uso. As regiões Nordeste e Sul do país apresentam a maior proporção de cafeteiras paradas.

“Esses produtos foram fortemente impactados pela alta do dólar, pela valorização do alumínio no mercado internacional e pela retração do consumo das famílias durante o período de recessão”, diz o economista Paulo Henkel, especialista em varejo pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo (FGV-SP).

Além da pressão de custos e da crise, o aumento da concorrência gerou desafios para as empresas do setor, que fizeram grandes investimentos para consolidar suas marcas ao mesmo tempo em que houve disputas judiciais pela quebra antecipada da patente registrada pela Nespresso, que expiraria em 2023.

A principal briga se deu entre a Nestlé, dona da Nespresso e Dolce Gusto, e Kaffa Brasil, subsidiária de uma companhia portuguesa que importa e também produz cápsulas de café no país. No processo, a Nestlé alegou que os produtos da concorrente são compatíveis com o sistema Nescafé Dolce Gusto, que tem patente industrial registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Confiante em que dominaria o mercado por muitos anos, a Nespresso investiu R$ 220 milhões em uma fábrica instalada na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. A unidade, inaugurada em dezembro de 2015, é a primeira fora da Europa com tecnologia para a fabricação de tais cápsulas.

Procurada pela reportagem, a Nespresso não quis comentar sobre o desempenho do setor e nem sobre qualquer questão que envolva a empresa. Já a Kaffa Brasil informou que anexou ao processo três pareceres de engenheiros especialistas em patente, e que os documentos demonstram que as suas cápsulas “apresentam configuração construtiva com princípio de funcionamento totalmente distinto do protegido pela patente da Nestlé”.

A empresa afirmou ainda que, antes de iniciar a fabricação das cápsulas, “o Grupo Kaffa realizou estudos na Europa e no Brasil sobre as patentes existentes”, de modo que tais produtos “não violam qualquer direito de patente da Nestlé ou de terceiros”.

Outro fator apontado por especialistas como responsável pela desaceleração do setor de cafés em cápsulas é a geração de lixo. Algumas ONGs dedicadas a causas ambientais levantaram a polêmica sobre a destinação incorreta das embalagens. Com razão.

Considerando que cada cápsula de café tem 6g de conteúdo orgânico e 3g de embalagem propriamente dita, houve o descarte de 7 milhões de quilos de cápsulas no mundo, no ano passado, correspondente a mais de 750 milhões unidades de cápsulas.

Isso porque o crescimento do consumo das cápsulas de café foi repentino e as políticas de reciclagem não conseguiram acompanhar o progresso. Enquanto o plástico pode demorar até 200 anos para se degradar no ambiente, o alumínio não se deteriora.

Algumas empresas produtoras de cápsulas de café também estão se movimentando. Existem novas alternativas para as cápsulas de plástico e de alumínio que estão sendo avaliadas.

A Eason Chow, de Cingapura, criou cápsulas provenientes de fontes como cana-de-açúcar. A Caffe Vergnano, produtora italiana, desenvolveu a sua própria cápsula com biopolímeros que fazem a compostagem naturalmente. Outra empresa, a Ethical Coffee Company, desenvolveu embalagens à base de plantas.

“Assim como qualquer outro setor da economia, o de café terá seus altos e baixos, mas só aquelas empresas que estiverem em sintonia com os novos hábitos dos consumidores irão sobreviver”, afirma o britânico John Sylvan, criador da cápsula biodegradável.




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