A Mintel – umas das maiores empresas de pesquisas de mercado do mundo –, apresentou recentemente um estudo sobre os hábitos de consumo de Snacks Brasil. Quais inovações os consumidores estão buscando e quais as oportunidades para a indústria.
Abaixo listamos com base no relatório apresentado quais são os maiores desafios e as principais oportunidades para a indústria de alimentos que atuam no segmento de snacks dentro do mercado nacional.
OS MAIORES DESAFIOS:
“as empresas devem desenvolver maneiras de facilitar a comparação do conteúdo nutricional entre diferentes tipos de lanchinhos/snacks”.
O acordo firmado entre diversas associações representantes da indústria de alimentos processados com o Ministério da Saúde no final de 2018 deverá acarretar em várias mudanças no mercado de alimentos, e entre os mais afetados estão os de biscoitos, bolos e produtos lácteos que atuam nas categorias de snacks.
Segundo o acordo que visa reduzir a quantidade de açúcar adicionada aos produtos, os de maior quantidade terão os maiores percentuais de redução da substância, como os biscoitos e os derivados do leite com a meta de retirar 62,4% e 53,9% de açúcar da composição. Para bolos, a meta é de até 32,4%.
Segundo o ministério da saúde o acordo prevê, ainda, que a indústria não substitua o açúcar por adoçante nos produtos.
E neste critério é que está o maior desafio - manter um sabor altamente atrativo apesar da redução de açúcar!
CUSTOMIZAÇÃO: a possibilidade de customizar os snacks é uma alternativa para atender consumidores, segundo com a pesquisa da Mintel, 31% dos brasileiros dizem ter interesse em snacks com sabores que podem ser personalizados de acordo com sua preferência (ex. embalagem traz pós saborizados para serem adicionados).
INOVAÇÂO: A Nestlé desenvolveu uma tecnologia inovadora capaz de expandir o açúcar para que ele se dissolva mais rapidamente na boca, dando uma sensação de doçura mais intensa. Dessa forma é possível reduzir em 30% a quantidade de açúcar adicionada ao chocolate da marca.
Buscando facilitar a compreensão dos consumidores brasileiros sobre as informações nutricionais nas embalagens de produtos alimentícios e reduzir as situações que geram engano quanto a sua composição, em maio de 2018, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o relatório preliminar da Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre as mudanças nas regras de rotulagem nutricional de alimentos.
No documento, a Agência propõe a adoção de um modelo de rotulagem nutricional frontal que seja obrigatório e que informe o alto teor de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio, de forma simples e compreensível. Além disso, sugere que a declaração dos valores nutricionais deva ter base em 100g ou 100ml do alimento, de forma a garantir sua consistência com a tabela nutricional e facilitar a comparação entre os diferentes alimentos.
O novo modelo poderá trazer mudanças na relação dos consumidores com os alimentos, incluindo a categoria de snacks. A presença de alertas nos rótulos pode impactar a percepção deles em relação à saudabilidade dos produtos que estão acostumados a consumir, enquanto que o uso do novo valor de referência para determinar o perfil nutricional do produto pode gerar a impressão de mudanças na formulação – que nem sempre é necessária.
Assim, ampliar a discussão em torno da alimentação saudável e oferecer mais informação aos consumidores mostra-se de extrema importância para as marcas no período de transição, para educá-los sobre as mudanças e facilitar o reconhecimento de produtos mais ou menos saudáveis e as porções adequadas para o consumo.
De acordo com a pesquisa da Mintel para o relatório: Hábitos de Consumo de Snacks - Quais inovações os consumidores estão buscando e quais as oportunidades para a indústria - Brasil - Janeiro 2019, 38% dos brasileiros afirmaram que “as empresas devem desenvolver maneiras de facilitar a comparação do conteúdo nutricional entre diferentes tipos de lanchinhos/snacks”.
PRINCIPAIS OPORTUNIDADES:
Dentro deste cenário descrito acima onde as empresas precisam correr para se adequar as novas regras do jogo algumas tendências – que estão listadas abaixo - surgem como grandes oportunidades para este mercado de alimentos dentro do segmento snacks.
- Have a break, but have a clean break!
96% da população consumiu snacks nos três meses anteriores à realização da pesquisa.
Hábito dos brasileiros de consumir snacks favorece a consolidação do segmento saudável.
O hábito de fazer lanchinhos entre as refeições segue forte entre os brasileiros. De acordo com a pesquisa da Mintel, 96% da população consumiu snacks nos três meses anteriores à realização da pesquisa.
Consumir pequenas porções de alimentos ao longo do dia mostra-se como uma ação adotada por diversos brasileiros para manter hábitos alimentares saudáveis.
Segundo o Relatório Mintel Alimentação Saudável - Tendências - Brasil - Dezembro 2018, 48% dos brasileiros - que afirmaram já ter hábitos de alimentação saudável ou estar tentando adotar hábitos de alimentação saudável - afirmou fazer refeições em porções menores e com maior frequência durante o dia (ex. pequenas refeições ou snacks/lanchinhos a cada 3 horas).
O cenário indica oportunidade para as marcas seguirem investindo no mercado de alimentos saudáveis para serem consumidos como refeições intermediárias.
Porém, é necessário que as empresas foquem também no desenvolvimento de opções saudáveis mais acessíveis, para que o segmento possa manter o ritmo de crescimento e sair do mercado de nicho. Pois de acordo com a pesquisa da Mintel, atualmente 42% dos brasileiros acreditam que snack saudáveis são, em geral, muito mais caros.
- Alimentação para a saúde emocional
38% dos brasileiros têm interesse em snacks feitos com ingredientes que beneficiem a saúde emocional (ex. melhora o humor).
Preocupação com a saúde emocional gera oportunidade para o mercado de snacks.
Os brasileiros andam preocupados com o seu estado emocional.
Não é para menos!
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que 9,3% dos brasileiros tenha apresentado algum distúrbio de ansiedade em 2015. Além da ansiedade, o diagnóstico de problemas vinculados ao campo emocional, como depressão e estresse também tem crescido entre a população.
Em função disso, torna-se cada vez mais importantes que as marcas desenvolvam opções que além de benefícios para o corpo, também sejam capazes de impactar positivamente na mente e nas emoções.
De acordo com a pesquisa da Mintel, 38% dos brasileiros têm interesse em snacks feitos com ingredientes que beneficiem a saúde emocional (ex. melhora o humor).
Snacks com substâncias como o ácido gama-aminobutírico (GABA) e o triptofano podem ganhar espaço ao destacarem os possíveis benefícios para alívio do estresse e depressão, já que estes elementos estimulam a produção de serotonina, neurotransmissor que atua no cérebro e no sistema nervoso, proporcionando uma sensação de bem-estar.
Snacks com outras substâncias também tem espaço para crescer na medida em que salientam os benefícios para a saúde emocional.
- Snacks proteicos além de barrinhas
10% dos entrevistados consumiu snacks na academia, percentual inferior a outras situações de consumo.
Consumo de snacks na academia pode crescer com maior gama de produtos adequados à situação.
O dado – revelado em pesquisa da Mintel - pode indicar a pouca variedade de opções disponíveis para serem consumidas nessa situação que tragam os benefícios procurados por atletas e praticantes de esportes, como alto teor de proteína.
De acordo com os dados do GNPD (um banco de dados global de novos produtos), há uma concentração de snacks com alto teor de proteína no segmento de barrinhas de cereal, o que limita a possibilidade de escolha dos consumidores.
Somado a isso, produtos com formatos adequados para o consumo durante a prática esportiva ainda têm oferta limitada.
Posicionar snacks que naturalmente possuem alto teor de proteína como uma opção para o consumo na academia é uma possibilidade para fomentar o consumo nessa situação.
As pastas e cremes feitos de castanhas, usadas hoje principalmente como acompanhamento para pães e biscoitos, podem ganhar a finalidade esportiva se relançadas com formatos mais práticos, já que são opções naturalmente ricas em proteína.
De acordo com a pesquisa da Mintel, 23% dos brasileiros acreditam que cremes e pastas, como cremes de avelãs e de amendoim, podem ser consumidos como snacks.
Além disso, outros snacks com alto teor de proteína, incluindo aqueles com whey protein (proteína do soro de leite) podem ganhar espaço na academia ao relacionarem a substância a outros benefícios além do ganho de massa muscular.
INSIGHTS!
Personalização | benefícios para a saúde | vantagens para o corpo | propriedades benéficas para a mente | inovações em termos de sabores
Apesar do cenário desafiador para os fabricantes de snacks nos próximos anos, impostos pela maior influência do governo no setor de alimentos e bebidas, há diversas oportunidades para as empresas adequem os seus produtos às novas regras e demandas do mercado e sigam atraindo os consumidores.
Apostar na personalização, permitindo que os consumidores customizem os snacks de acordo com o seu próprio gosto, necessidades nutricionais e demandas pessoais é um dos caminhos que se mostra promissor, à medida que assegura às empresas a aceitação de versões mais saudáveis de snacks.
Os benefícios para a saúde seguem como chamariz, porém, mais do que vantagens para o corpo, snacks com propriedades benéficas para a mente tendem a ganhar relevância, refletindo a maior preocupação dos brasileiros com a saúde emocional.
Já as inovações em termos de sabores e formatos continuam como prioridade para a diferenciação de snacks. Sabores que remetem à infância, inspirados em comidas de rua e formatos próprios para a prática esportiva e consumo fora de casa são apostas com alto potencial de sucesso.
