Page 50 - Aditivos | Ingredientes - Ed. 160
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 NUTRIÇÃO E FUNÇÕES COGNITIVAS  hormonas ou metabolitos, após uma refeição. Embora isso seja verdadeiro, há algumas exceções a essa regra. Hoje, sabe-se que a BHE é seletivamente permeável, permitindo que algumas substân- cias entrem no cérebro, por vezes, devido a mecanismos de transporte ativo das substâncias. Em algumas situações, alguns desses nutrientes podem afetar a síntese de neuro- transmissores e, portanto, afetar o comportamento. Em particular, alguns aminoácidos participam como precursores na síntese de neurotransmissores. É o caso do triptofano, o precursor da serotoni- na, e da tirosina, a precursora das catecolaminas. O triptofano é um aminoácido essencial encontrado na maioria dos alimentos que contém proteína; é o precursor do neurotransmissor sero- tonina, o qual está envolvido, entre outros aspectos, com a regulação do humor, da depressão e o estado de alerta. Os neurônios serotoninérgi- cos intervém na regulamentação da sensação de dor, agressividade e na ingestão de alimentos. Muitas vezes, suplementos de triptofano são utili- zados para ajudar a conciliar o sono, ou ainda, como antidepressivos e na síndrome pré-menstrual. Por outro lado, a administração de triptofano pode aumentar a libertação de me- latonina em seres humanos. A tirosina é o aminoácido pre- cursor da norepinefrina e da do- pamina. Esses neurotransmissores estão envolvidos em alguns compor- tamentos relacionados ao estresse. Na verdade, a administração desse aminoácido abranda os efeitos do estresse psicológico. O triptofano e a tirosina atra- vessam a barreira hematoencefá- lica através de um mecanismo de transporte ativo que compartilham com outros aminoácidos, como os de cadeia longa. Portanto, quando ocorre o aumento das concentra- ções sanguíneas destes aminoácidos "concorrentes" (após a sua ingestão ou administração, ou ainda, no caso de algumas doenças, como diabetes mau controlado), a circulação de triptofano e de tirosina no cérebro diminui. Esse efeito pode ocorrer de forma aguda ou crônica. A diminuição nos níveis cerebrais destes aminoácidos tem con- sequências funcionais; do ponto de vista bioquí- mico, reduz-se a sín- tese dos neurotrans- missores que derivam desses aminoácidos ramificados, especial- mente a serotonina (a partir do triptofano) e as catecolaminas (a par- tir da tirosina e da fenilalanina). Os efeitos funcionais dessas alterações neuroquímicas envolvem alterações na função hormonal, na pressão arterial e no estado afetivo. Estudos sugerem que a relação entre carboidratos e proteínas ingeridos na refeição pode afetar a neurotransmissão da serotonina e, consequentemente, a captação de triptofano pelo cérebro. Isso explica porque os alimentos ricos em proteínas aumentam o estado de alerta, bem como porque os alimentos ricos em carboidratos aliviam a depressão, especialmente na síndrome pré-menstrual. Lipídios/Ômega 3. Consideran- do-se que 60% do peso do cérebro é composto por lipídios, não é de se surpreender que sejam funda- mentais para o desenvolvimento e processamento neural. A massa cinzenta dos mamíferos é muito rica em ácido araquidônico e docosaexaenóico (DHA). O DHA contribui para a manutenção da membrana neural, da sua fluidez e da sua espessura, o que afeta a sina- lização celular. O ômega 3 também afeta a síntese de neurotransmisso- res, especialmente de dopamina nos lobos frontais. A maioria dos estudos sobre a ingestão de ômega 3 e   50 ADITIVOS | INGREDIENTES 


































































































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