Page 52 - Aditivos | Ingredientes - Ed. 160
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 NUTRIÇÃO E FUNÇÕES COGNITIVAS  rebral, contribuindo para a correta mielinização dos neurônios, além de ser um cofator importante para numerosas enzimas envolvidas na síntese de neurotransmissores, tais como o triptofano hidroxilase (que intervém na síntese da serotonina) e a tirosina hidroxilase (que está envolvida na norepinefrina e na dopamina). De fato, a distribuição de ferro no cérebro coincide com a distribuição de dopamina e de áci- do gama-aminobutírico, áreas onde ocorre a regulamentação da fun- ção mental, cognitiva, problemas emocionais e comportamentais. No entanto, a dopamina é o único neurotransmissor que tem demons- trado relação com alterações no nível de ferro. A deficiência de ferro está associada a uma menor densi- dade de receptores de dopamina e a alterações na recaptação deste neurotransmissor. A deficiência de ferro afeta o de- senvolvimento cognitivo durante as primeiras etapas do desenvolvimen- to, mais do que em qualquer outra fase da vida, podendo alterar os processos metabólicos que intervém nos minerais, resultando em altera- ções cognitivas e comportamentais. Estudos demonstraram que os parâmetros indicadores dos níveis de ferro se correlacionam positi- vamente com os resultados de um teste de atenção e capacidade esco- lar em tarefas verbais, raciocínio e aritmética. Além disso, adolescen- tes com níveis de ferritina iguais ou acima de 12mg/ml obtiveram pontuações mais altas em todos os testes. Segundo pesquisas, em mulheres em idade fértil, a deficiên- cia de ferro foi associada a um pior desempenho cognitivo e, após a uti- lização de suplemento, o aumento dos níveis de ferritina foi associado ao aumento do desempenho cogni- tivo, enquanto que o aumento dos níveis de hemoglobina foi associado a um aumento da velocidade de realização de testes psicológicos. Estudos também mostraram que a suplementação de longo prazo em crianças mais velhas apresenta efeitos benéficos, embora a eficácia da suplementação esteja limitada a indivíduos com deficiência de mineral. A razão para isso é que o ferro participa da contínua mielini- zação do lobo frontal durante toda a infância, sendo importante para obter níveis ótimos de dopamina. Há grande interesse científico sobre a associação entre vitaminas do complexo B, especialmente o folato, e o desempenho cognitivo. O ácido fólico é importante no desenvolvimento do tubo neural e as evidências sugerem que essas vitaminas são importantes para o desempenho de crianças e adultos. Existem dois mecanismos possí- veis através dos quais essas vitami- nas afetam a função cognitiva por meio dos processos de metilação. No primeiro mecanismo, a hipome- tilação do folato, juntamente com as vitaminas B12 e B6 atuando como cofatores, possuem efeito direto e a curto prazo sobre o sistema nervoso central, inibindo a síntese de me- tionina e de S-adenosilmetionina, o principal doador de grupos me- tila do organismo. As reações de metilação são necessárias para a síntese de proteínas, fosfolipídios da membrana, DNA e, também, no metabolismo de neurotransmissores (como a dopamina, a norepinefrina e a serotonina) e de melatonina, os quais são muito importantes nos níveis neurológico e psicológico. No segundo mecanismo, a homo- cisteína propõe um efeito cerebro- vascular indireto e de longo prazo dessas vitaminas. A homocisteína é um metabólito da metionina e as vitaminas B6, B12 e o ácido fólico são cofatores de enzimas que utilizam homocisteína como substrato. A vitamina B6 é um cofator da cista- tionina beta-sintase, que catalisa a formação de cistationina desde a homocisteína e serina, enquanto   52 ADITIVOS | INGREDIENTES 


































































































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